Paraty em Foco: Loretta Lux é boa de se ver.
Fala de encerramento da noite do Paraty em Foco. Loretta Lux, era super esperada. Capa do cartaz, fotos de sua autoria estampavam generosamente o material de divulgação do Paraty em Foco 2009. estrela do festival, e com comportamento idem.
É necessário um desvio aqui. A obra e o autor. O trabalho de Loretta continua diferenciado, com suas crianças meio assustadoras, meio frágeis. Retratos entre a inocência, pela pequenez e força da infância contida nos seus retratos e desconforto, pelo inevitável estranhamento que as imagens causam. Baseado em diversas referências da história da arte, como o Barroco, o manieirismo a obra de Goya, e por ai vai, Loretta tem o mérito de inovar o percurso da fotografia em um dos seus gêneros mais estabilizados: o portrait.
Meticulosíssima, a artista-fotógrafa de Dresden, Alemanha, caminha em passo armado entre a pintura, a fotografia e a tecnologia digital, artificializando o figurativo, porém mantendo o aspecto iconográfico da fotografia. O resultado é ao mesmo tempo, uma nostalgia de uma inocência utópica, ideal, não concreta e a perda do paraíso da infância.
Tudo isso pode ser percebido no seu trabalho. Vale conferir o material que a revista de arte Santa publicou sobre Loretta.
Quanto a fala, bem. A moça é reservada. Não quis ficar em Paraty, não quis dar entrevista nem ser fotografada (o que, obviamente acatamos!), entrou com um texto escrito em inglês para ser lido com um forte sotaque alemão e traduzido para português em outro texto escrito. Laudatória, racionalista, burocrática. Funcionou no melhor esquema: assista uma entrevista, ganhe uma aula de história da arte e, de brinde, saia com sono (o que, aliás, ocorreu as pencas). Foi mais de uma hora de texto, sem interação, sequer emocional. Fria, do mesmo modo como estava fria Paraty naquela noite. Ficamos até o final, na hora das perguntas e bate-papo com o público.
Perguntas. Respostas. Por escrito. Prevenida e milimetricamente planejada, Loretta não da chances ao imprevisto. Detesta surpresas, mesmos as boas. Como já imagina o que se pergunta, já tem tudo escritinho em forma de resposta. Para ser lido.... Ufff.... Chato, tudo muito chato.
Loretta tem base, coerência, fundamentação, domina os conceitos, tem um tom acadêmico (que pessoalmente gosto), sabe de história da arte, coloca tudo no lugar certinho, faz um tremendo trabalho.
É boa de ser ver. E só.
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Marcadores: entrevista, inocência e desconforto, Loretta Lux, Paraty, Paraty em foco
3 Comentários:
O que a Loretta faz é a chamada deadpan photography: Neutral expressions and cool, head-on compositions have become one of the signature styles of today's art photography. Some have called it deadpan photography: The tone is impassive, matter-of-fact, detached. Often the people are posed
Eu acho que a Julie Blackmon dá de 10 X 0 na alemã:
http://www.julieblackmon.com/
Parabéns Afonso, sua cobertura ficou melhor que a dos organizadores do Festival e olha que gente e blogs não faltartam por lá. Pelo menos quem estava aqui conseguiu ser transportado para o clima do festival através dos seus relatos.
Valeu
Para mim, uma fiel descrição!
Parabéns!
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