2 de set. de 2009

ENTREVISTA: Fotojornalismo potiguar em alta.


Jornal da Fotografia de Natal/RN - 3a. Edição.

Há pouco tempo, divulgamos aqui no blog uma iniciativa louvável em tempos de, como falam por ai, “crise do fotojornalismo”: o Jornal da Fotografia, uma publicação independente, sem tutela política editorial ou empresarial, voltado para o segmento das artes visuais no Rio Grande do Norte.

O AF de Autofoco apresenta agora uma breve entrevista com a trinca de peso do fotojornalismo potiguar que comanda a linha de frente desta publicação: João Maria Alves, Brum e Marcus Ottoni.

AF de Autofoco - Como surgiu o projeto "Jornal da Fotografia"? E com que objetivos ele chega as bancas?

João Maria - O Jornal surgiu da necessidade de se criar um órgão que informe tudo que diga respeito a fotografia e artes visuais, em geral. Ele chega as bancas com objetivo de mostrar o grande potencial que o estado possui em valores profissionais da imagem. E também de alertar o público o cuidado que se deve ter com o patrimônio histórico da fotografia como parte da história de um lugar.

Brum – Nós queríamos fazer um jornal que fosse direcionado ao publico que curte fotografia, amador ou profissional e que pudesse levar informação de qualidade para esse publico, que cresce a cada segundo.

Marcus Ottoni – Acredito que o jornal seja uma das três ferramentas que ancoram um projeto foco que é conscientizar os fotógrafos, amadores ou profissionais, da importância da fotografia como registro histórico de um tempo, um momento, um personagem , uma cidade, um estado com todas suas características sociais, culturais, étnicas, religiosas e urbanas. Isso compreende entender a fotografia e valorizar quem dela faz uso, seja para ganhar a vida ou apenas como hobby. Para isso se faz necessário unir as pessoas deste segmento para que, a partir do debate aberto, se possa criar diretrizes e metas para que a memória visual do nosso povo seja, efetivamente, preservada para as gerações futuras, sendo, também, uma das prioridades dos gestores públicos em suas administrações.

AF - Para voce(s), essa é uma proposta viavel para a fotografia e para o fotojornalismo no Brasil?

Brum - Com certeza. Com um veiculo como esse, além de divulgar os profissionais e amantes da fotografia, ele ainda mostra a estes profissionais seus direitos, deveres, como proceder, onde ir e principalmente, faz a união dos amantes da fotografia, fortalecendo cada vez mais esta categoria.

MO - Toda vanguarda é viável e positiva para qualquer nação. Quebrar os paradigmas e estabelecer novos conceitos e valores nas ações cotidianas das pessoas é uma forma de viabilizar um novo tempo de trabalho com um novo conjunto de ações elaboradas sob uma nova ótica que, nesse caso, é a busca pela preservação da memória visual da sociedade potiguar. A inércia, em qualquer situação, só é revertida com um movimento, seja ele físico, intelectual, material e profissional.

JM – Acredito que a proposta do Jornal é viável, sim. E além da própria publicação, agregamos a nossa proposta o site do phootoclube e aulas de fotografia, cuja meta, além de ensinar o recurso mais básico da fotografia, com noções de fotojornalismo, é a conscientização do valor histórico que esta se propõe.

AF - Qual a formação de voces? Como chegaram a fotografia?

JM - Sou auto-didata na profissão, mas com experiência de 30 anos no exercício desta. Comecei fotografando festas de confraternização entre parentes e amigos. Depois, com militância em movimentos sociais, passei a registrar as atividades relacionadas as entidades de classes, passando por publicidade e o fotojornalismo, onde exerço até hoje.

Brum - Eu sou formado em publicidade e direção de arte. Na verdade eu sou ilustrador, e a foto sempre esteve presente em minha vida, só que do outro lado da câmera, pois desde que comecei a vida profissional, qualquer coisa que vou fazer tem uma foto envolvida para que eu manipule ou trate.

MO - Eu sou jornalista desde 1975, quando comecei a trabalhar no extinto “Diário de Brasília” na época em que existia o registro provisionado, que nos era dado pelo Ministério do Trabalho com prazo de um ano. Após esse período de atuação ininterrupta na profissão, o registro era substituído pelo registro profissional. Tive a oportunidade e a honra de aprender com profissionais de alto nível, como Luiz Humberto, Marcos Santille, Jamil Bittar, Salomon Cytroniwic, Orlando Brito, entre outros. E ajudei no aprendizado de profissionais que hoje são referência nacional como Sérgio Marques, Lula Marques, Antonio Cruz, entre outros.

AF - Não há duvidas de que a internet é uma ferramenta que auxilia na produção e na circulação das imagens produzidas hoje na cadeia fotojornalista no mundo. Voces planejam lançar essa proposta do "Jornal da Fotografia" na rede?

Brum - O jornal da fotografia já nasceu com o suporte do nosso site, do Phootoclube. Assim podemos divulgar nosso trabalho além do RN.

MO - Nós já atuamos na rede mundial de computadores. Antes mesmo do jornal nascer, criamos as duas outras ferramenta: o Phootoclube Potiguar e o site www.phootoclube.com.br. O primeiro tem o objetivo de congregar os fotógrafos, descobrindo novos talentos e aproximando os mais antigos da nova geração através de projetos e ações na área. O segundo (que está fora do ar por causa de algumas anomalias apresentadas na sua configuração – deve voltar em setembro) é o divulgador mundial dos trabalhos que vamos e estamos realizando, além de estreitar as relações do pessoal do Rio Grande do Norte com os fotógrafos do resto do mundo e as novidades na área da fotografia mundial.

AF – Por falar no fotoclube, gostaria que você(s) falassem um pouco a respeito dele. Quando surgiu? Qual a importancia de um coletivo como esse para a produção fotografica / fotojornalistica da cidade?

Brum - È de uma importância tremenda, pois muitas vezes os profissionais não conhecem os seus direitos ou ficam de fora de eventos e cursos que acontecem por ai. E quando conhecem, muitas vezes não tem onde se apoiar.

MO - O Phootoclube Potiguar é uma associação de fotógrafos (profissionais, amadores, hobbistas etc) que tem como objetivo propor debates sobre os problemas do segmento no estado e realizar ações e eventos relacionados com a fotografia, não apenas nas datas comemorativas. Além disso, o Phootoclube é uma ferramenta de congregação do segmento e da descoberta de novos talentos em todas as vertentes da fotografia. Isso faz do clube uma entidade importante para o segmento porque, além de reunir, debater, criar eventos ele também vai ancorar ações de consciência fotográfica e pressão junto aos gestores públicos para que a memória visual das cidade do estado e do próprio estado seja vista como uma prioridade de governo e não como um instrumento de promoção pessoal do gestor, guardando para as gerações futuras apenas e tão somente os momentos em que o gestor visita comunidades, inaugura obras ou recepciona autoridades.

Entrevista feita por email por João Guilherme Peixoto.

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