Por que fotografia # 3.
Por que fotografia? # 3. Eduardo Queiroga.
Eduardo Queiroga fotografa profissionalmente desde 1990. É jornalista. Foi repórter fotográfico do Jornal do Commercio (1992-1995). Criou e atuou nas agências Lumiar e Algaroba. Atualmente coordena o projeto Fotolibras (projeto de fotografia participativa com jovens surdos), ensina no bacharelado em fotografia da AESO, e realiza o projeto: Inventário Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco. Está com a exposição "sobreposições" na Arte Plural Galeria, em Recife.
AF: Quando você se interessou por fotografia?
Meu primeiro interesse por fotografia não é algo marcante. Não houve glamour ou um impacto, um tapa. Foi uma espécie de envolvimento aos poucos. Algo que já vinha da infância, aquela curiosidade mesmo de pegar a câmera (geralmente uma kodak de plástico) e registrar comemorações ou passeios. Eu comecei a trabalhar bem cedo. Não era tempo integral, mas me permitia juntar uns trocados. Antes ainda da faculdade. Aí botei na cabeça que iria juntar dinheiro para comprar uma câmera. O primeiro investimento foi em livros. Lembro que entrei numa livraria e comprei todos os livros que pude sobre fotografia. Aqueles tipo "aprenda fotografia sem mestre" ou "fotografia em 10 lições". Como eu não sabia direito das coisas, acabei incluindo também alguns outros mais avançados, técnicas de revelação e teóricos. Então lá estava eu, aprendendo fotografia sem câmera, autodidaticamente e somente na teoria. Enquanto juntava dinheiro para minha primeira Praktica (marca disponível no mercado, fabricada na Alemanha ainda "oriental"), lia muito. Lembro que li 13 livros logo nos primeiros momentos. Muitos se repetiam, mas sempre traziam algo de novo. Revistas também foram muitas.
Depois eu fui me interessando pela linguagem e me envolvendo cada vez mais. Fiz jornalismo exatamente por ser um curso que oferecia contato com a fotografia. Hoje eu só sei que quero aprender. Acredito que meu interesse esteja sempre sendo renovado.
AF: Pra quem está começando, o que você diria?
Estude, pesquise e não perca a chance de tornar sua fotografia divertida. Não digo o resultado, mas a sua relação com ela. Eu perdi muito tempo e quebrei a cara muitas vezes por conta do meu processo autodidata, onde eu não tinha contato com outros fotógrafos, tirava minhas próprias conclusões, muitas vezes na direção errada. Hoje as condições são outras, existem cursos, fóruns, toda uma internet na sua frente. Essa relação positiva está também em ir atrás de todas as possibilidades que a fotografia te oferece, que são muitas.
E se está começando profissionalmente, comece com o pé direito. O mercado da fotografia é regulamentado pelo fotógrafo. É o comportamento de cada um que faz esse mercado ser mais justo, leal, ou não.
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