23 de jul. de 2009

Primeira câmera digital em 3D será lançada em Agosto


Fuji Finepix 3D. Novidade?
Os marketeiros são hábeis profisisonais em reempacotar conceitos já existentes como se fossem idéias novas. No caso da Fuji Fine Pix 3D, a cena se repete.

Para quem (ainda) não vislumbrava o exponencial crescimento da fotografia digital nestes últimos anos, ai vai a “novidade”: no próximo dia 8 de agosto, a Fujifilm lançará no Japão a primeira câmara digital compacta que permite fazer fotografias e gravar vídeos em formato tridimensional, sem que óculos especiais sejam necessários para ver as imagens. Batizada de FinePix Real 3D W1, ela conta com um sistema que, por meio de duas lentes, capta diversas imagens e transforma tudo isso em uma única foto ou vídeo em terceira dimensão.


Agora vamos aos detalhes financeiros: o modelo, com dez megapixels e zoom óptico de três vezes, por aproximadamente 60 mil ienes (447 euros). Já uma tela utilizada para visualizar as fotos e videos em tamanho maior será vendida ao preço de 50 mil ienes (372 euros). E ai, dá pra encarar?


A FinePix Real 3D W1 começará a ser vendida no final de agosto fora do Japão.


Estereoscópio do século XIX.


O conceito da foto 3D, no entanto, acompanha a própria história da fotografia. Sempre se tentou simular um efeito de tridimensionalidade para o registro do instante. Ainda no século XIX, os estereoscópios (foto acima) foram uma febre. O aparelho permitia visualizar fotos tomadas com uma camera de duas lentes! Exatamente o mesmo princípio tecnológico da Fuji 3D. Com a ligeira diferença existente entre o ângulo de tomada da cena por cada lente, cria-se o efeito 3D na observação através de um dispositivo específico.


A aerofotogrametria usa o mesmo princípio: interpretação de imagens feitas com câmeras de duas lentes. durante o 'seculo XX houve vários sistemas de simulação de foto em 3D... nada de muito novo.


Jonathan Crary, the techiniques of observer


Para saber mais sobre o estereoscópio, há o brilhante livro do Jonathan Crary, the techiniques of observer, que analisa em profundidade o fenômeno ainda no século XIX. Na verdade, o estudo de Crary é muito mais amplo: Ele usa o estereoscópio como pano de fundo para perceber as mudanças na visualidade, seja do século XIX, seja contemporânea, que, marcadas por usos de técnicas de registro (seja estereoscopia ou computação) alteram os significados estabelecidos para observador e representação.


Para cada época, sistemas e regimes do olhar diferenciados. Contudo, há um eixo comum que separa essas técnicas com mais de 150 anos de distância no tempo: a tentativa de estabelecer uma hiper-realidade na fotografia, no caso, tentar embutir na estética fotografica um recurso e perspectiva de visualização a mais.


Vele conferir tudo: a camera da Fuji, a história do estereoscópio e o livro de Crary. Só não dá para aceitar a Fuji 3D como novidade, nem o papo dos marketeiros...


EXTRA: Na wired deste mês tem um video-tutorial ensinando como se obter imagens em 3D a partir de cameras comuns. Vale conferir.

Post enviado por João Guilherme Peixoto e transubstanciado por José Afonso Jr.

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1 Comentários:

Às dom. jul. 26, 03:50:00 AM 2009 , Blogger José Antonio Rocha disse...

Muito legal o artigo e a contextualização histórica.
BTW, com treino, é possível se visualizar pares-estéreo a olho nú.

 

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