17 de jul. de 2009

Existe diferença entre manipulação e tratamento?

A dica veio do colega José Antônio Rocha, leitor do AutoFoco.

Existe um limite do que podemos entender como manipulação? Ou de diferenciar isso de um simples tratamento da imagem? Tratar pesadamente uma foto, mesmo sem eliminar ou inserir elementos, pode ser considerado manipulação?

São limites que sempre estão postos quando o jogo envolve o jornalismo. Vamos ao caso.

As fotos em questão mostram a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, batendo boca com manifestantes em frente à sua casa.


Capa do Estado de São Paulo, 17 de julho de 2009.


A foto na capa do Estadão mostra o cartaz que a governadora segura com um nível de contraste que permite ler claramente o que está escrito.



Foto como foi impressa no Estado de São Paulo.


Porém, em outros jornais e sites, com fotos da mesma situação, o cartaz que a governadora segura, aparece com um nível de legibilidade nitidamente inferior. Detalhe: as fotos são do mesmo fotógrafo: Roberto Vinícius, que é da Agência Estado.


Foto como foi impressa no Jornal Zero Hora.


Arquivo digital da mesma foto.

Ora, a Agência Estado é braço informativo do grupo Estado de São Paulo e fornece conteúdo para vários jornais, sites e serviços informativos. Isso inclui os próprios jornais do grupo.

Perguntinhas...

1: Onde se deu a alteração neste percurso? A foto saiu "limpa" ou editada da Agência? Ou foi alterada no Jornal?
2: Que diretrizes editoriais orientaram a decisão de alterar o contraste da foto de modo a dar legibilidade diferenciada ao cartaz? Ou, em outras palavras: No caso de um contra-argumento de um editor de imagens no sentido de "a alteração foi para dar mais legibilidade ao cartaz quando da impressão no jornal", o que, o bom senso ético argumentaria?
3: Há, nitidamente, níveis de percepção visual diferenciados entre as duas imagens. Na primeira, ela é mais literal, reduz a subjetividade e dá fala a governadora. Na segunda, é mais dedutiva, complementadora. E então: É manipulação ou tratamento? Ou ainda: são forças maiores que estão envolvidas além do âmbito do fotojornalismo?


Por favor, polemizem.

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3 Comentários:

Às sáb. jul. 18, 12:04:00 PM 2009 , Blogger José Antonio Rocha disse...

Um outro caso de contraste: na fotografia química p&b, durante a ampliação, podemos dar mais esposição às áreas de céu, tapando com a mão, em movimentos rápidos, as áreas sobre-expostas. Isso dá à cena um dramaticidade maior.

Escolher um filtro UV também ressalta as nuvens.

Mas será que não estamos "manipulando" a luz desde o primeiro instante, quando escolhemos a lente e o ângulo?

Qual o limite?

Sinceramente, não sei... Ética não é p&b. Os limites éticos adquirem tons de cinza quanto mais nos aproximamos deles.

 
Às sáb. jul. 18, 01:13:00 PM 2009 , Blogger Paulo Munhoz disse...

E o que dizer de tudo isso quando a foto é passada para o p&b, como cansamos de ver em sites e jornais. Transformar uma foto colorida em p&b é manipulação, afinal todos sabem das características do p&b como maior dramaticidade e etc.
E pergunto, com todos os avanços da tecnologia digital, ainda devemos ler o que está no cartaz da governadora pela legenda????

 
Às dom. jul. 19, 02:15:00 PM 2009 , Anonymous Roberto Vinicius disse...

Amigos
Fui o autor da foto e conesso que eu poderia ter "melhorado" essa parte da imagem no photoshop. Mas a indignação com o que aconteceu com os jornalistas, aumentou a minha pressa para enviar e acabei não me detendo nestes detalhes. Queria enviar o mais rápido possível, visto que o meu colega ainda estava preso.
Apesar de ser um tratamento grosseiro não acho que tenha prejudicado a imagem. Também quis enviar uma variedade maior de imagens para cada veículo escolher a sua imagem.. tanto a personagem atrás das grades como também a foto sem as grades.
Obrigado pelo debate.
Abs
Vinicius

 

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