O filme como uma tela em branco. Um texto antigo. Completamente atual.
Essa é para o domingo.
Reorganizando minha caixa de velhas revistas me deparei com esse texto de 1995. 15 anos atrás. O texto fazia parte de uma propaganda da nikon. Vale a pena (re)ler. Para ver como algumas questões permanecem atuais, além, claro, de ser um bela redação sobre o ofício. É só trocar filme por cartão de memória... O resto, parece que foi escrito ontem.
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O filme é uma tela em branco,
uma janela,
um grito esperando por ser ouvido,
uma emoção,
uma opinião,
uma história esperando para ser contada.
Isso é a verdade.
Começa com o filme. A mágica acontece.
Você abre o tubinho, o filme cai na palma da sua mão.
Neste ponto, tudo está na estaca zero.
Você e todos os outros fotógrafos são iguais.
Mas então, as coisas divergem.
A competição começa.
E isso se dá a partir da seguinte questão:
Agora, que você tem o filme, o que você vai fazer com ele?
Um dia, o mundo irá de oferecer uma imagem.
Um sorriso,
um peixe,
um horror,
um buque de plumas,
que ninguém viu ainda desta maneira antes, e que acontece apenas durante uma fração de um piscar de olhos.
E você estará lá.
E se for vigilante, atento, você verá.
E se você tiver o olho certo,
a camera certa,
a lente certa,
você terá a foto.
Não há segunda chances.
Se estiver superexposto,
você dançou.
Se estiver subexposto,
você dançou.
Se estiver fora de foco,
você dançou.
Essa é a regra do jogo da profissão que você escolheu.
Depois, você vê as imagens.
É essa a foto? É isso?
E então, caro colega, aqui está:
Uma garotinha amendrontada no meio de uma rua suja de uma cidade sitiada;
ou um velho homem está contando histórias com seus olhos;
ou uma árvore de natal tirada dos dejetos está sendo arrastada no ombro desse velho contra um vento frio de inverno.
Você fez a foto que é a foto.
Que conta uma história ou revela uma verdade,
E você pensa consigo:
Eu fiz isso?
Da luz, das lentes, do suor e do filme.
Eu fiz isso.
O fime é uma tela em branco. Começe a pintar.
.
Marcadores: 1995., blank canvas, Nikon, propaganda
2 Comentários:
Não, não é só trocar "filme" pelo "cartão de memória".
Belo post. Demais!
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