Quanto subjetivo pode ser um trabalho de documentação?
"Tinaya". Foto: Josh Leher.
A linha rígida que divide o campo da documentação e o da fotografia expressiva, ou de arte, frequentemente é borrado nos seus limites. Mas poucos trabalhos que misturam essas barreiras atingem uma compreensão tão ambígua como o que foi realizado por Josh Leher.
‘Becoming Visible’ é um ensaio sobre desabrigados, (os homeless da América) e adolescentes transgêneros. A idéia é dar visibilidade a uma realidade pouco percebida. Até este ponto, esses elementos são pontos clássicos trabalhados em qualquer esforço de fotografia documental que se preze.
O interessante nessa história, é que, ‘Becoming Visible’ dialoga com a temporalidade do registro. É uma realidade atual, porém retratada com uma técnica criada em 1840, o cianotipo. O fotógrafo Josh Leher adotou esta técnica de impressão de imagem, de modo a fornecer uma imagem que não fosse estereotipada, por tratar de um assunto sempre controverso, seja sob o ponto de vista cultural como social.
Ao optar pelo cianotipo, Leher tenta vincular o processo de documentação dos homeless e dos transsexuais de um modo extremamente diferenciado, que além de cumprir o papel informativo, aborda a questão com uma pegada estética incomum e interessantíssima. Para um assunto diferenciado e de delicada abordagem, uma técnica idem.
Josh Leher trabalhando numa impressão em cianotipo.
O belíssimo resultado é de obtenção complexa. As chapas para gerar o cianotipo foram feitas a partir de fotografias em grande formato, capturadas em positivo 4x5 polegadas e trabalhadas no laboratório de fotografia do ICP. O cianotipo requer enormes quantidades de luz para ser sensibilizado, levando, por vezes, horas. No artigo que acompanha a galeria virtual no Lens, o processo é descrito com mais detalhes.
Marcadores: Becoming Visible, cianotipo, galeria virtual, ICP, josh leher, lens, new york times
1 Comentários:
A liberdade que há para usar técnicas ansestrais como essa, devia ser a mesma para usar técnicas modernas. A conversão de RGB para preto&branco não é muito bem vista por alguns fotografos. Não creio que seja correcto ter uma visão tão "fundamentalista".
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