9 de nov. de 2008

Agência Noor - Entrevista com Stanley Greene



Em meio a têndência pessimista que aponta para o fim do fotojornalismo, vale à pena conferir o site da agência Noor. Fundada no ano passado, reúne um time de primeira de egressos de outras agências, como a Magnum, Vu, AFP, Reuters. A maioria dos fotógrafos já tem livros publicados no formato de grandes reportagens. A idéia é de uma “agência sem fronteiras” , como fala Stanley Greene, um de seus fundadores. A ênfase do trabalho da Noor é direcionada ao fotojornalismo de reportagem, de envolvimento e aprofundamento nos temas.


Na entrevista que fiz por e-mail com Greene, ele respondeu:


AutoFoco: O que significa Noor? Por que esse nome?
Stanley Greene: Noor significa luz, na luz e, em qualquer coisa de novo. Escolhemos um nome que interpele as pessoas, que as faça pensar: O que é isto?


AF: Como nasceu a Noor?
SG: É uma longa história. Começou há três anos quando Kadir van Lohuizen e eu tivemos a idéia em Nova Orleans. Nós teríamos que reunir os amigos dentro da comunidade de fotógrafos que conhecíamos. A idéia era trabalhar em coisas novas, A exposição coletiva “Katrina”: um desastre não natural, se transformou em um projeto comum e foi formidável por nos sinalizar a possibilidade de um trabalho coletivo.


AF: Vocês acreditam que não podiam mais fazer o que queriam nas suas agências precedentes?
SG: Eu vim da Vu, que estava em uma direção que não era mais aquilo que eu queria. Christian Cajoulle, o fundador da Vu, em 1991, também saiu por por não se identificar mais com a direção da agência. Portanto eu gosto de trabalhar com as pessoas da Vu, mas nada dura para sempre e comecei a trabalhar na criação de uma nova agência por acreditar que isso é a solução. Saímos das nossas agências sem conflitos, todos nos disserem até logo e boa sorte.


AF: Que papel específico Noor vai ocupar?
SG: Estimulamos as pessoas a se posicionarem sobre as questões. Outrora, se podia fazer uma reportagem de revista de vinte páginas. Hoje, todas as políticas editoriais são administrativas, de gente que não conhece nada de fotografia e o que ela diz. Eles não querem fotos, apenas imagens para ilustrar um papel. Veja o que é publicado hoje: imagens retrabalhadas no photoshop, fotos sem sentido. Elas não nos dão mais tempo. Na Noor, vamos combater essa tendência, dar mais profundidade.


AF: Vocês desejam trabalhar em conjunto, adotar uma produção coletiva?
SG: Sim. A referência é a agência Magnum do seu início, lá nos anos 1950. Os fotógrafos trabalham em colaboração. Noor é formada por indivíduos e suas qualidades próprias, nós vamos agir em temas que agrupem esse sentido.

AF: E o financiamento? O dinheiro? Como manter esse modelo?
SG: Nenhum de nos é rico, mas a questão principal neste momento não é fazer dinheiro. Isso seria um erro grosseiro. Se você faz uma reportagem em Darfur, por exemplo, não é isso que vai fazer você ficar rico, é triste, mas é assim mesmo. Certamente não pensamos em termos de dólares, de quanto essa foto vai me reder, mas em termos de: qual será o impacto desta foto no mundo, nas pessoas?

AF: Você acha que a criação da Noor pode trazer um exemplo para outros fotógrafos?
SG: Cada um deve seguir seu próprio caminho. Mas acredito em pequenas estruturas que funcionam. Contact Press, Tendance Floue, entre outras reinvestem nos valores de independência, de autonomia e se provam como estruturas viáveis e que sobrevivem. As grandes agências como Getty e Corbis são como supermercados em detrimento das pessoas, dos criadores originais. Eu diria aos jovens fotógrafos: Unam suas forças! Tentem criar algo que seja diferente!

Entrevista realizada por e-mail em 4 de novembro de 2008.

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