29 de set. de 2010

Qual a melhor grande angular?

A melhor do dia de hoje, em meio à biblioteca da Pompeu Fabra, encontro isso:

Qual a melhor grande angular?
“Melhor lente angular? Dois passos pra trás!"
- Ernst Haas.

Pois é, né! Sigamos em frente.


Foto: Ernst Haas.



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24 de set. de 2010

Mais uma barbeiragem: Mubarak à frente de Obama

Não sei o que se passa na cabeça dos editores de foto de jornais quando pensam em manipular uma imagem e imaginam que, em pleno tempo de web, a coisa não vai vazar.

O mais novo exemplo da conjunção manipulação/ jornalismo/ internet já está circulando nas redes. A vítima dessa vez: O eterno presidente-faraó-califa egípcio Hosni Mubarak.


O Al-Ahram, o principal diário oficial egípcio, publicou nesta terça-feira nas edições impressa e digital uma imagem manipulada do início das negociações de paz entre palestinos e israelenses, que aconteceu no começo do mês na Casa Branca.

Na foto se vê o presidente do Egito, Hosni Mubarak, 82 anos, caminhando em um tapete vermelho, seguido pelo presidente americano, Barack Obama, pelo primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pelo rei Abdullah da Jordânia e pelo líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas.

A imagem verdadeira, tirada pelo fotógrafo Alex Wong para a agência Getty, mostra Obama liderando a comitiva. Na imagem alterada a silhueta de Mubarak foi cortada, girada e levada para primeiro plano.

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15 de set. de 2010

Freira Grávida não pode


com dados da focusfoto.

Um anúncio de sorvete com a fotografia de uma modelo como uma freira grávida foi proibido pelo órgão que regula a publicidade no Reino Unido.

A Advertising Standards Authority (ASA, na sigla em inglês) considerou que o anúncio desrespeitava as crenças cristãs, principalmente de católicos.

A empresa por trás do anúncio, Antonio Federici, no entanto, prometeu exibir posteres semelhantes em parte do trajeto que o Papa Bento 16 fará na capital britânica. A visita de estado do Papa, que começa nesta quinta-feira, é a primeira desde a criação da Igreja Anglicana em 1534.

Resta a pergunta: quem é o pai? da idéia, obviamente!
O bicho vai pegar!!!

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12 de set. de 2010

Perpignan, Parte 3


Festival de fotojornalismo também tem porcaria.

O truque mais manjado e desagradável na fotorreportagem é, na maioria das vezes, transformar o específico, em geral. Tipificar o particular e vincular esse quadro a um horizonte de generalização.

João Pina, fotógrafo português comete um ensaio chamado "Gangland" que, já pelo nome, (terra de bandidos, numa tradução livre), associa toda a periferia do Rio de Janeiro a prática do crime. Quem vê o trabalho, tira a conclusão que todo mundo que mora em favela é criminoso, não há uma ressalva ao contrário.

Peca por desmensurar o que pode ser igualdade ou diferença. João Pina usa a idéia de igualdade para descaracterizar, não há menção de vida honesta. E usa a diferença para discriminar, o rio de Janeiro, Brasil, é um lugar, antes de tudo, perigoso.

Fica a receita: 1- pegue uma camera; 2 - Articule com líderes locais vinculados ao crime, ou polícia, a sua presença; 3 - Crie imagens-choque; 4 - fotografe -sempre- em P/B de alto contraste, pra dramatizar; 5 - Mostre: armas, cadáveres, policiais...; 6 - Agende isso vinculando ao acontecimento das olimpíadas e à copa do mundo.

Pronto: Há de se obter um ensaio lindamente etnocentrico, superficial, isolado da realidade. Sem conhecimento da construção histórica, cultural e social dos problemas que se documenta. Como se a violência e criminalidade fossem uma opção. Ao mesmo tempo, é documento, são imagens sem retoque, feitas no local, camera direta... É por essas e por outras que acredito cada vez mais que a noção de realidade é algo que se constrói. No caso das imagens, manipular vai muito, mas muito além de usar os recursos de um photoshop.

Ruim, muito ruim. Em tempo: "Gangland"concorria ao prêmio CARE de fotorreportagem humanitária. Ainda bem que não ganhou! O prêmio foi para Carsten Snejberg, com uma reportagem sobre os imigrantes ilegais de Calais.


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Perpigan, Parte 2


Igreja dos Dominicanos, Perpignan. Séculos de arquitetura, fotojornalismo, ecologia e temas recorrentes.

Em Perpignan o acesso as exposições se dá em meio as tortuosas ruas medievais. As mostras são organizadas em conventos, igrejas, arsenais, torres de castelo, tudo dentro da antiga parte medieval da cidade.

Entrar na Igreja dos dominicanos pela primeira vez, assusta e seduz ao mesmo tempo. De cara, nos encontramos com uma dezena de exposições organizadas nas laterais da igreja que, com seu teto altíssimo, dá uma dimensão ainda maior ao que está exposto. Impossível não falar do trabalho de Mike Nichols, que com sua reportagem sobre a preservação das sequóias (já publicada na National Geographic Brasil) dá a exata dimensão desta face do impacto ambiental por lá, no caso, a costa noroeste dos EUA.

Meio ambiente, conflitos e Haiti dominam a agenda de exposições de Perpignan.


De quebra, seguindo a máxima de Ansel Adams que a fotografia de uma paisagem também deve ser uma outra paisagem, uma fotografia de uma sequóia também deve ser capaz de traduzir a imensidão da árvore. Por isso, uma foto de 130 M2 (segundo a divulgação do Visa, a maior já impressa), e uns 20 metros de altura, domina o espaço.

Na mesma igreja, cerca de 10 exposições. Tudo distribuído nas laterais. Chama atenção a recorrência de certos temas. Haiti, por exemplo, está em pelo menos uma cinco exposições neste Visa Pour L'image. Se o tema dominante no ano passado era o "a crise no fotojornalismo" a tentativa de tônica para esse ano era "a voz dos excluídos", no caso, do grande discurso midiático. Não foi o que ocorreu. O que tinha era a trinca de temas: repressão e conflitos, manifestações religiosas e acidentes naturais. este, no caso, plenamente dominado pelos registros do terremoto no Haiti, em janeiro.

Há ainda alguns deslizes, como a Mostra do fotógrafo português João Pina, do Kameraphoto. Trabalho que ainda insiste na obviedade de registrar o Rio de Janeiro no eixo: Favela > crime > bandidos. Mas isso é assunto pro próximo post.




Igreja dos Dominicanos em Perpignan, 700 anos de história lado a lado com o fotojornalismo de hoje.

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9 de set. de 2010

Perpignan, Parte 1

Por os pés em Perpigan e respirar fotoreportagem! O festival é show!

Estive em Perpigan neste último fim de semana. Depois de chegar e deixar as malas em Barcelona, antes de começar a trabalhar na Pompeu Fabra, fui verificar o estado da prática do fotojornalismo no que é certamente o evento mais importante para a área.

Impressiona, de cara, o tamanho do evento. Na cidadela medieval, pelo menos 30 exposições oficiais, fora o "off-Perpignan" que é a mostra paralela, inclusive com trabalhos de reportagem amadora (conceito complicado para mim. O que é um repórter amador? Isso me soa estranho tal qual médico amador!). No Off-Perpignan, muita coisa interessante também. No ano passado, a contagem de visitantes do festival como um todo foi de 180 mil pessoas, fora as projeções no Campo Santo, geralmente com a arquibancada lotada todas as noites.

Se há ainda alguma perspectiva de crise no fotojornalismo isso deve ser relativizado em dois pontos de vista. O primeiro, que a crise é mais da fotografia de imprensa. Vi muita coisa criativa que, sobretudo, procura outros eixos de articulação para a visiblidade da produção. A choradeira das grandes agências de imagem, deu pra ver, continua forte. Certamente por perceberem que os canais de se gerar, trabalhar e dar publicidade ao material fotográfico, cada vez mais se diversificam. É o choque da web 2.0 com o fotojornalismo. Protótipo deste contexto: a projeção que o presidente do festival, Jean François LeRoy, fez de um ensaio totalmente produzido em um Iphone. Arrematou dizendo: "para o fotojornalismo, mais que o suporte, o que conta é o olhar".

O segundo ponto de vista se dá pelo próprio contexto do festival. É impressionante ver centenas de pessoas interessadas, debatendo os temas, indo as exposições, discordando, concordando, trocando impressoes com os fotografos e produtores. Que haja crise, tudo bem, mas Perpignan deixa claro que a preocupação em se encontrar outros eixos de trabalho persiste.

vou postando por aqui outras impressoes do festival, nas brechas do meu trabalho na Universidade aqui.

Até logo.
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1 de set. de 2010

De repente, Barcelona.




Leitores do AutoFoco.

O AutoFoco vai mudar. A partir de 4a. feira, vocês irão perceber, progressivamente, que o teor do que é postado aqui irá ter uma cara diferente. Quem acompanha o Blog, percebeu que ultimamente os posts tem rareado. Não que eu quisesse escrever menos. Foi muita coisa afunilando, se sobrepondo em paralelo, burocracia para resolver a viagem, e menos tempo para desengasgar as coisas antes de embarcar.

A mudança é provocada por um desejo de transformar o AutoFoco em um díario de bordo. No caso, da pesquisa/ tempo que irei passar em Barcelona, a partir de 1 de setembro. Na bagagem, roupa, um dicionário de espanhol, algum equipamento, portfólios de amigos fotógrafos, um projeto de pesquisa e uma pequena missão familiar.

São quatro idéias a fazer, que, de modo sincrônico envolvem a fotografia.

A primeira, a pesquisa, que está sendo financiada pela CAPES, que irei fazer na Univ. Pompeu Fabra. O tema, grosso modo, é "o fotojornalismo em tempos de convergência". Ou, se preferirem, "O fotojornalismo depois da fotografia". Algo como tentar entender, entre o saudosismo do passado, e a utopia do futuro, onde o fotojornalismo está indo parar.

A segunda, tentar viabilizar alguma parceria entre fotógrafos, galerias, semanas de foto, entre Pernambuco e Espanha. Há tempos insisto que o caminho pode ser também estabelecer pontes internacionais. A fotografia do Estado tem crescido, e isso pode ser uma aposta de intercambios.

A terceira, tentar fazer uma documentação sobre o fim das touradas na Catalunha. Algo que me sempre prendeu pela curiosidade, as touradas, e tentar vê-las pelo vácuo deixado.

A quarta, talvez a mais difícil. Partindo de 5 fotografias do álbum de família, tentar localizar, com base em sobrenomes e na crença da memória documental que a fotografia - ainda - carrega, a parte Espanhola da Família da minha mãe. Separados por décadas de endereços perdidos, do regime franquista, do Atlântico e, rogo que não, do esquecimento.

São quatro objetivos onde a fotografia tem um papel central: Estabelecer pontes. Seja de pesquisa acadêmica, de intercâmbios, de rememoração, de elos perdidos. Se não chega a ser uma mudança editorial, é, ao menos, um reposicionamento de estilo.

O blog, nos próximos meses, vai tentar relatar o percurso desses quatro caminhos. Oxalá consiga cumprí-los.

Hasta luego!

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